Enteado tem Direito à Herança? Descubra!

Enteado tem direito à herança? Entenda as regras do direito sucessório e descubra como garantir a partilha de bens por testamento, adoção ou filiação socioafetiva.
Enteado tem Direito à Herança? Descubra!

As famílias mudam, evoluem e se reinventam. Hoje, não é raro vermos lares formados por pais, mães, filhos biológicos, enteados, avós, tios e tantos outros laços que ultrapassam o simples vínculo de sangue. Mas quando o assunto é herança, como isso funciona?

Se você é um padrasto ou madrasta e deseja garantir que seu enteado receba parte do seu patrimônio, ou se você é um enteado que deseja entender se tem direitos na partilha de bens, é fundamental conhecer as regras do Direito Sucessório. Afinal, enteado tem direito à herança?

Neste artigo, vou explicar tudo de forma simples e direta. Vamos lá!

O enteado tem direito automático à herança?

A resposta curta é: não, o enteado não é automaticamente herdeiro. O Código Civil determina que apenas os herdeiros necessários – ou seja, filhos biológicos, filhos adotivos e socioafetivos,  cônjuge e pais – têm direito garantido à partilha de bens.

O enteado é considerado um parente por afinidade, e a lei não o inclui na lista de quem recebe a herança automaticamente. Isso significa que, se não forem tomadas providências legais, o enteado pode ser excluído da sucessão.

Mas calma! Existem formas de incluir o enteado e garantir que ele receba parte do patrimônio. Vou te explicar como a seguir.

Sou padrasto ou madrasta, como garantir que meu enteado receba minha herança?

Se você quer que seu enteado tenha direito à sua herança, há algumas opções legais para fazer isso de forma segura. Aqui estão as principais:

1. Testamento (a forma mais simples e acessível)

Fazer um testamento é a maneira mais direta de garantir que parte do seu patrimônio fique para seu enteado.

  • Pelo Código Civil, você pode destinar 50% do seu patrimônio para quem quiser, inclusive para seu enteado.
  • Os outros 50% são reservados para os herdeiros necessários. Se você não tem herdeiros necessários, pode dispor de 100% dos seus bens para seu enteado.
  • O testamento, é bom que seja registrado em cartório e precisa seguir algumas formalidades para ter validade legal.

Além disso, um testamento bem elaborado pode evitar disputas judiciais e facilitar o inventário, processo obrigatório para a divisão dos bens.

Exemplo prático: Imagine que João tem dois filhos biológicos, mas criou Pedro, seu enteado, como um filho. Ele faz um testamento deixando 20% do seu patrimônio para Pedro. Quando João falecer, esse percentual será respeitado legalmente.

Se você deseja garantir que seu enteado receba parte da sua herança, essa é uma das formas mais eficazes de fazer isso!

2. Adoção (garantia total de direitos)

Se você tem um vínculo afetivo forte com seu enteado, pode considerar a adoção.

  • A adoção transforma o enteado em herdeiro necessário, com os mesmos direitos de um filho biológico.
  • Isso significa que ele terá direito à herança integral, sem precisar de testamento.
  • O processo de adoção exige consentimento do outro genitor do enteado (se for menor de idade), deve ser feito pela via judicial e pode exigir tempo e documentação.
  • Quando ocorre a adoção, o adotado perde o vínculo parental com seus pais biológicos

Exemplo prático: Marta criou sua enteada Ana desde os três anos de idade. Quando Ana completou 18 anos, Marta a adotou legalmente. Com isso, Ana passou a ter os mesmos direitos de qualquer filho biológico, incluindo herança.

Se você deseja que seu enteado tenha os mesmos direitos de um filho biológico, essa é a solução mais definitiva!

3. Reconhecimento da filiação socioafetiva

Outra opção é o reconhecimento da filiação socioafetiva, que acontece quando um padrasto ou madrasta tem uma relação de pai e filho com o enteado.

  • Esse reconhecimento pode ser feito em cartório ou via judicial. 
  • Uma vez feito, não pode ser desfeito.
  • Com ele, o enteado passa a ser filho, com os mesmos direitos que um filho biológico.
  • O processo exige a comprovação de uma relação forte e duradoura, através de testemunhas, fotos, conversas e outros documentos. Exige a comprovação do afeto parental entre ambos.
  • Neste caso o filho socioafetivo continua mantendo os mesmos laços de parentesco com seus pais biológicos, ele passa a ter mais um pai ou mãe.

Se a filiação socioafetiva for reconhecida, o enteado poderá ser incluído no planejamento sucessório, garantindo sua participação na divisão dos bens.

Exemplo prático: Ricardo foi criado por seu padrasto, Carlos, desde pequeno. Nunca chamou Carlos pelo nome, sempre de “pai”. Carlos, por sua vez, sempre o apresentou como filho. Com a morte de Carlos, Ricardo conseguiu na Justiça o reconhecimento da filiação socioafetiva e teve direito à herança.

Se você sempre tratou seu enteado como filho e quer garantir os direitos dele, essa é uma excelente alternativa.

Sou enteado, como posso reivindicar parte da herança?

Se você acredita que tem direito à herança de seu padrasto ou madrasta, algumas estratégias podem ser seguidas:

1. Verifique se existe testamento

O primeiro passo é descobrir se seu padrasto ou madrasta deixou um testamento incluindo você. Esse documento pode estar registrado em cartório ou ser encontrado com um advogado de confiança.

2. Busque o reconhecimento da filiação socioafetiva

Se você teve uma relação de pai e filho com seu padrasto ou madrasta, pode buscar esse reconhecimento judicialmente. Para isso, serão necessárias provas como:

  • Depoimentos de testemunhas (familiares e amigos);
  • Fotografias, vídeos e documentos que mostrem o vínculo;
  • Registros financeiros (se seu padrasto/madrasta ajudava financeiramente);
  • Cartas, mensagens ou outros registros de afeto.

3. Dívidas e gastos com cuidados

Se você arcou com custos médicos ou cuidou financeiramente do seu padrasto ou madrasta, pode ter direito a reembolsos no inventário. Mas isso requer documentação detalhada.

4. Doação de bens em vida

Outra possibilidade é que o padrasto ou madrasta faça uma doação de bens para o enteado enquanto estiver vivo. Essa alternativa permite transferir legalmente parte do patrimônio sem necessidade de esperar o falecimento do doador.

No entanto, a doação de bens deve respeitar as regras legais, principalmente se houver herdeiros necessários, para evitar futuras disputas na justiça.

Exemplos reais do nosso escritório

Aqui no Vila Nova & Brandão Advogados, já acompanhamos muitos casos envolvendo padrastos, madrastas e enteados. Vou te contar alguns que atendemos recentemente:

  1. Caso do testamento bem-feito: Um cliente, que não tinha filhos biológicos, nos procurou preocupado com o futuro do enteado. Fizemos um testamento detalhado, garantindo que o enteado recebesse metade da herança. O documento foi registrado corretamente, evitando qualquer problema na partilha.
  2. Adoção tardiamente planejada: Um senhor que criou o enteado desde os 3 anos quis fazer a adoção quando o menino já era adulto. Ele passou pelo processo e garantiu que seu enteado se tornasse herdeiro necessário, eliminando qualquer risco de questionamento na justiça.
  3. Reconhecimento socioafetivo na justiça: Em outro caso, um enteado que viveu por mais de 30 anos com o padrasto conseguiu, por meio de provas documentais e testemunhas, ser reconhecido como filho socioafetivo, garantindo o direito à herança sem necessidade de testamento.

Esses casos mostram como a justiça está cada vez mais aberta a reconhecer os laços afetivos, desde que bem documentados e conduzidos corretamente.

Conclusão: Planejamento sucessório evita conflitos

O tema da herança pode ser complexo e muitas vezes emocionalmente delicado. Por isso, tanto para padrastos e madrastas, quanto para enteados, o ideal é agir com antecedência.

Se você quer garantir que seu enteado receba parte do seu patrimônio, faça um testamento, considere a doação de bens ou até o reconhecimento da paternidade  socioafetiva. Se você é um enteado que teve um forte vínculo com seu padrasto ou madrasta, busque conhecimento sobre seus direitos e provas para reivindicar o reconhecimento socioafetivo.

Em qualquer um dos casos, contar com a ajuda de um advogado especializado pode fazer toda a diferença para evitar conflitos e garantir uma partilha justa através de um planejamento sucessório bem estruturado. Se você tem dúvidas ou precisa de orientação, entre em contato conosco, vamos te ajudar a fazer valer as regras do jogo e garantir que sua vontade seja respeitada!

 

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